Pois desde os tempos da harmónica, da concertina e do Conjunto de Cordas até aos tempos do vinil e da cassete, realizaram-se no salão de festas e no “recinto” do SCG inúmeros e grandiosos bailes!
Quando a minha geração se começou a interessar pelos bailaricos, a música que guiava os pares dançantes brotava dum velho gravador de bobines, aumentada no seu volume graças à potência dum também velho amplificador de válvulas!
Só numa altura em que o Zé Iscas por ali apareceu é que se adquiriu ao mesmo, um moderno “music centre” com rádio, leitor de cassetes e gira-discos! Aí a música tornou-se mais variada e mais facilmente manuseada!
Lembro-me que nos bailes do salão de festas só podiam entrar maiores de 15 anos e sócios! Isto para os rapazes porque as raparigas tinham sempre entrada garantida.
Então, enquanto não chegámos a essa idade, ficávamos à porta a espreitar os parzinhos que dançavam! Por vezes e à socapa íamos entrando e íamo-nos escondendo entre os xailes das nossas mães! Mas, invariavelmente lá aparecia alguém da comissão de baile para nos colocar novamente na rua!
Chegar aos quinze anos era portanto o grande objectivo de qualquer rapaz adolescente! Imediatamente a seguir ao aniversário lá seguia a proposta para sócio!
A partir daí outro galo cantava! Sócio e com direito a entrar nos bailes! Pronto a cair nos braços dançantes de qualquer moçoila que não se importasse de levar meia dúzia de pisadelas! Grande e importante aumento na auto-estima destes jovens mancebos!
Não posso também deixar de referir o “Recinto”. Mal começava o Verão e era com entusiasmo que assistíamos anualmente ao ritual de preparação do “recinto”! Os directores, armados com agulhas de pedreiro, martelos, e pregos erguiam uma paliçada em madeira que delimitava o espaço do Largo da Junta! Mais tarde esta divisória passou a ser em “chapa” pintada de verde!
Pois durante os meses de Verão era aqui que se realizavam os bailes e as sessões de cinema patrocinados pelo SCG! A cabine de som era no hall de entrada da Junta de Freguesia e o som seguia para o exterior através de um ou dois altifalantes!
Também era aqui que se realizavam os bailes da festa do dia 7 e 8! Belos conjuntos musicais por aqui passaram! Lembro a Orquestra da Gardunha, a Orquestra Típica Albicastrense, Os Fantasmas, o Cop3Sete, Os Pavões, entre outros...
Recordo uma noite de 7 de Setembro em que a chuva que caiu durante todo o dia, punha em causa a realização do baile abrilhantado precisamente pelos “Pavões”! Pois o pessoal, não querendo perder este baile pelo qual se ansiava durante todo o Verão, resolveu cobrir o “recinto”!
Procedeu-se junto dos feirantes gonçalenses, ao pedido das lonas com que montavam as suas tendas nas feiras! Grande barraca se armou por cima daquele mítico espaço! As lonas presas no edifício da Junta e descendo para o muro, formavam um espectacular anfiteatro! Ali se dançou até de madrugada, como era habitual! No dia seguinte, o chão daquele largo estava tão duro e liso que parecia alcatroado!!!
(Continua)
Um abraço
Zegerardo em 21-05-2009
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